Disfagia – um risco de desnutrição
em idosos
por Dra. Fabiana Neumann - Nutricionista RS
A disfagia é a incapacidade que mais afeta o
paciente neurológico e idoso, onde estados depressivos ou de ansiedade podem
provocar inapetência ou rejeição de alimentos, levando também à desnutrição e
perda de peso neste grupo vulnerável, tornando-o mais suscetível ao risco de
desenvolver doenças decorrentes do estado nutricional deficiente. Entre estes
fatores adicionais de risco estão úlceras por pressão, aumento da
suscetibilidade às infecções e funções físicas e mentais diminuídas.
Sem duvida, a desnutrição e a disfagia em idosos são frequentes e
erroneamente ignoradas, sendo associadas ao processo da senescência,
postergando intervenções. Dessa forma, a avaliação nutricional e de disfagia
são fundamentais na avaliação geriátrica. Diversos fatores são considerados
sinais de risco para desnutrição e assim, para atender a necessidade da
identificação de risco nutricional em idosos e sua complexidade de forma
simples e aplicável, Guigoz et al. publicaram a Miniavaliação Nutricional
(MNA®) - um questionário composto por 18 questões, subdividido em quatro
domínios: antropometria, dietética, avaliação global e autoavaliação. A
detecção do risco de disfagia é multiprofissional e pode ter como pilar a identificação
de alguns componentes, como: doença de base, antecedentes e comorbidades; sinais
clínicos de aspiração; complicações pulmonares e funcionalidade da alimentação.
As complicações da disfagia, especialmente a
pneumonia aspirativa estão associadas com o aumento da mortalidade. Mortes
relacionadas diretamente com a disfagia refletem de 12 a 13% de todas as mortes
hospitalares nos EUA. Mais de 60% das mortes com cuidados de saúde prolongados
nos EUA estão relacionadas à disfagia. Residentes de clínicas geriátricas nos
EUA com disfagia e aspiração apresentam taxa de mortalidade de 45%. A
identificação precoce e suporte nutricional agressivo são recomendados para
pacientes idosos com risco de desnutrição.
Recomendações atuais da Sociedade Européia de
Nutrição Parenteral e Enteral (ESPEN) e da Americana (ASPEN), são unânimes em
recomendar o uso de suplementos nutricionais
orais (SNO) para aqueles em risco
nutricional, bem como os guidelines da American Medical Directors Association (AMDA)
que recomendam o uso de SNO hipercalórico (2 kcal/ml) 4 vezes ao dia e
aproximadamente 1 hora antes das refeições para não reduzir o consumo de
alimentos.
É necessário entender também a importância da
textura dos alimentos para a elaboração das dietas para disfagia, uma vez que
ela influencia na aceitação e deglutição. A National Dysphagia Diet (NDD),
instituiu as propriedades reológicas dos alimentos, reconhecendo e
identificando a viscosidade e consistência dos alimentos de maior significância
terapêutica para pacientes com disfagia.
Concluindo, a triagem nos grupos de risco para
disfagia tem sido uma excelente ferramenta no diagnóstico precoce e,
consequentemente, na prevenção de pneumonia aspirativa e desnutrição. Em todas
as fases da disfagia, o trabalho da equipe interdisciplinar é importante,
porém, é essencial que o tratamento nutricional conjugue ações para minimizar a
disfagia e suas consequências nutricionais como a desidratação e desnutrição. A
alimentação adequada em textura por si só não garante um aporte energético e
protéico adequado a esta população de risco, sendo urgente e primordial lançar
mão de alimentos específicos e/ou suplementação para correção da desnutrição.
Referência: Consenso Brasileiro de Nutrição e
Disfagia em Idosos Hospitalizados, 1ª edição 2011.
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