Dra. Flavia Francellino - Nutricionista SP
A adolescência pode ser definida como uma fase de transição entre a infância
e a idade adulta, compreendendo a faixa cronológica entre 10 e 20 anos, sendo
caracterizada por profundas transformações biológicas e psicossociais que envolvem
intenso crescimento e desenvolvimento. Assim sendo, nessa fase as necessidades
de energia e nutrientes estão aumentadas para proporcionar um crescimento
adequado1.
Durante a adolescência a preocupação com o porte físico e a aparência
corporal são um dos problemas mais importantes. Atualmente, a forte tendência
social e cultural de considerar a magreza como uma situação ideal de aceitação
e êxito está influenciando cada vez mais os adolescentes. As adolescentes tem
medo de engordar, e, em consequência, desejam um controle do seu peso. Alguns
autores descrevem que esses padrões impostos pela sociedade podem influenciar
negativamente o consumo alimentar principalmente no sexo feminino, pois para se
manterem dentro dos padrões de beleza, as adolescentes chegam a omitir refeições
importantes como o café da manhã ou o jantar, acarretando baixo consumo de
energia e inadequadas proporções entre os nutrientes1 .
Por outro lado, a ocorrência da obesidade na infância e adolescência tem
recebido notório destaque, devido às práticas alimentares inadequadas e do aumento
do sedentarismo. Ambos os fatores estão relacionados ao incremento da prevalência
de obesidade, que acompanha o processo de transição nutricional constatado nas
sociedades modernas de diversos países, inclusive no Brasil. Nas últimas décadas,
tem sido verificado um aumento alarmante das taxas de excesso de peso em
adolescentes brasileiros: comparando os dados do Estudo Nacional de Despesa
Familiar (ENDEF), realizado em 1974-1975, e da Pesquisa sobre Padrões de Vida
(PPV), de 1996-1997, o excesso de peso entre os meninos aumentou de 2,6% para
11,8%; entre as meninas, a prevalência passou de 5,8% para 15,3% nesse período3.
Outro ponto a se considerar sobre este público é que os adolescentes
passam, gradativamente, maior tempo fora de casa, na escola e com os amigos
que influenciam na escolha dos alimentos e estabelecem o que é socialmente
aceito. É conhecido então como característica da alimentação desses jovens
(e da vida moderna) o consumo de lanches e fast foods. Esta atitude pode ser
justificada pela falta de tempo disponível para dedicar a uma refeição, preferências
individuais, modismo e por ser uma refeição que pode ser feita com os amigos2.
O padrão alimentar característico do adolescente inclui o consumo excessivo de
refrigerantes, açúcares e junk foods, a reduzida ingestão de frutas e hortaliças e a
adoção de dietas monótonas, o que pode acarretar em desequilíbios alimentares que
favorecem a ocorrência de desvios nutricionais, além de uma ingestão insuficiente de
micronutrientes 3.
Mediante a este contexto, evidencia- se a responsabilidade do ambiente
familiar e para isso, não se torna segredo o fato de que o adolescente precisa
não apenas de conselhos ou orientações, mas principalmente de bons exemplos.
A família é a primeira instituição que tem ação sobre os hábitos do indivíduo2. É
responsável pela compra e preparo dos alimentos em casa, transmitindo seus hábitos
alimentares 2. A influência ganha maior notoriedade quando tem- se nessa etapa uma
demanda aumentada de nutrientes e os adolescentes consideram os bons hábitos
alimentares como não prioridade, apesar dos benefícios a curto e longo prazo 1. Ou
seja, os adolescentes tendem a viver o momento atual, não dando importância às
consequências de seus hábitos alimentares, que podem ser prejudiciais2.
Entre as principais estratégias entre adolescentes incluem-se a promoção
de um estilo de vida ativo e o estímulo à adoção de práticas alimentares saudáveis,
promovendo maior consumo de frutas e hortaliças, restringindo a ingestão de
alimentos de alta densidade energética ou pobres em nutrientes, e fornecendo as
informações necessárias para que os próprios adolescentes sejam capazes de realizar
escolhas alimentares saudáveis3. E quanto aos junk foods, não se deve adotar um
comportamento tão radical ao ponto de abolir tal refeição; tais preparações podem
ser aceitáveis quando parte de uma dieta adequada e balanceada, mas desde que
seja feita de maneira esporática e sem excessos.
Por fim, temos algumas dicas citadas pela Teen Nutrition (Washington, DC),
tratam- se de algumas orientações válidas para os pais:
Ensinar aos adolescentes que comer "saudável" não significa abrir mão de seus
alimentos favoritos por completo. Para muitos adolescentes significa cortar o
tamanho da porção e acrescentando alimentos com valor nutricional em sua dieta;
Reconheça que os adolescentes vão comer fast food, mas incentive a compra
•
de menores tamanhos de porções disponíveis ou partilhar uma refeição super-
sized com um amigo. Além disso, estimule os jovens a fazer escolhas de bebidas
nutritivas ao invés de sempre selecionar refrigerantes;
Estimular a leitura rotulagem nutricional;
Incentivar fracionamento alimentar. Pular refeições não ajuda na perda de
peso e que pode impedi-los de obter todos os nutrientes de que precisam;
Estimular os jovens a escolher uma atividade que goste para se exercitar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGGION, G. F. Consumo alimentar, atividade física e percepção da aparência
corporal em adolescentes, 2000.
GAMBARDELLA,A. M. D. Prática alimentar de adolescentes, 1999.
TORAL, N. Consumo alimentar e excesso de peso de adolescentes de Piracicaba,
São Paulo, 2007.
Teen Nutrition: Helping Teens Make Healthy Food Choices.
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